domingo, 29 de junho de 2008

Garota Arroto

Parece meio horrível, mas é isso mesmo. Nunca arrotei e enjoei tanto em minha vida! Não posso comer nada ou beber algo que fico muito cheia de ares (pra ficar mais chique). Hoje resolvi mandar um novo e-mail pra ele perguntando se é normal. Pela primeira vez, agora com 32 dias, resolvi ir a praia, foi fantástico. Confesso pra você que esse período tá bem complicado. Comer tem que ser em pedacinhos milimétricos e mastigar é uma coisa que até dói a articulação. Se eu não fizer isso tenho dores horríveis no estomago, chego até a rezar. Minha mãe diz que é normal ela também teve, mas garantiu que vai passar. Tudo é muito novo, mas tô tentando levar uma vida normal, comendo as comidas normalmente, óbvio que se me oferecem coisas trash, apesar da vontade eu recuso. Pra vocês que pensam em fazer a cirurgia eu vou dizer é uma fase bem complicada eu espero que passe logo.
Agora vem a parte boa: menos 10 quilos. Que delícia, pelo menos algo vai ter que ser bom!

Fui ao HOPI HARI

Realmente nosso mundo não tá preparado para quem fez ou vai fazer a cirurgia bariátrica. Fui ao parque com alguns amigos e lá cheganddo nada podia comer. A salvação veio com uma papinha de nenê dessas prontas em vidros que levei na mochila. Bem saborosa.
Os brinquedos também foram bem jóias, mas a maioria tinha restrição, afinal de contas com 26 dias de cirurgia, ir na montanha russa no escuro e bem trash pra quem acaba de operar.
Mesmo assim fui bem abusada e brinquei em quase todos, menos aqueles violentos.

Minha primeira Baked Potato (não inteira óbvio)

Fui ao cinema com os amigos e cheguei a conclusão que a batata assada com frango desfiado e requeijão seria ideal. Pedi uma e depois de 4 colheres já estava satisfeita. Foi muito legal perceber que posso comer uma coisa gostosa sem me entupir. Percebi também que o legal é mudar o foco. Como assim? Os amigos só convidam pra comer, jantar, almoçar, etc e ir ao cinema ou teatro pode ser bem mais legal que se matar de comer. O problema agora tá sendo mudar a cabeça dos amigos que muitas vezes não acham legal fazer um programa diferente do que fazíamos antes e acham que o LEGAL está em COMER.
Só de pensar nas roupas que poderei usar daqui alguns dias me motivo.

Dias Complicados

Fiquei sem escrever não foi à toa. Os dias que venho passando têm sido bem complicados e as coisas tão meio pretas! Comi bifinho picado, franguinho moído, carne picada, etc Retornei no médico e não foi legal ele acho que não estava num bom dia e foi mega hostil comigo. Me deu uma super bronca, disse que tinha feito tudo errado e só à partir daquele dia é que poderia iniciar esses bifinhos picadinhos, arroz molinho e feijão esmagadinho. Foi punk. Me senti bem perdida, disse que a orientação não tinha sido legal e ele ficou mais bravo ainda. Disse que não tinha emagrecido o que poderia e foi horrível. Saí de lá arrasada.
Depois de uma boa conversa com minha mãe e com o Ri acabei chegando a conclusão que talvez ele não estivesse legal. Mandei um e-mail pra ele pedindo maiores orientações e a resposta foi boa. Resolvi dar a volta por cima e iniciar uma nova fase.
Porém é horrível. Você vê a comida, sua boca enche de água e na hora que vai comer não consegue. Ou come rápido e tem um surto de gases e arrotos, ou come sem mastigar direito e tem uma dor inenarrável. É bem complicado. Tá sendo mega difícil.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Minha primeira refeição

Ao chegar em casa fiz um purê de batata bem molinho e comi como se fosse uma picanha!!! Mas pasmem senti uma dor bem forte. Resolvi então maneirar. Os dias que se seguiram passei a comer papinha da Nestlé bem molinha e fui me acostumando aos poucos. No dia 12 de junto fiz um franguinho moído bem mole e fui tentar comer, tive um pouco de medo, mas no final foi bem.
No dia 13/06 iniciei uma papinha de nenê com pedacinho que mastigando bem caiu como de fosse um churrasco sangrento e suculante.
Estou bem feliz!
Ah ! Já ia me esquecendo 7 Kg a menos!!!!!!!!!!!!

Depois de décadas...

Demorei pra escrever por que acho que passei um período muito difícil e queria contar apenas coisas boas. Se alimentar de líquidos é bem complicado e horrível pra falar claramente. Na terça feira tive retorno no médico e as coisas foram malucas. a nutricionista não liberou praticamente nada só frutinha raspada (que no caso eu não como) e a sopa batida e passada na peneira (argh! num guento nem o cheiro). Fiquei arrasada!
Quando cheguei no consultório dele, ele me liberou praticamente tudo (praticamente). Até carninha moída bem molinha, franguinho desfiado, purezinho, papinha de nenê dessas de potinho.
Saí radiante.

sábado, 7 de junho de 2008

Um sábado diferente

Hoje pela primeira vez depois de muito tempo, voltei a ter um sábado de pessoas normais (eu acho). Fui passear em diferentes lugares sem ter o foco na comida, não vou mentir que tive fome em alguns momentos, mas pude me focar em coisas bem legais. Óbvio que alguns amigos esqueceram e ligaram convidando pra comer, foi triste ter que recusar rsrsrs.
Estou firme e forte no iogurte, suco, água de coco, gatorade, gelatina e a água de uma sopa coada com ingredientes naturais.
Subi na balança e já emagreci, mas ainda não vou divulgar antes da ida ao médico com a balança oficial. A consulta é na terça dia 10. Suspense.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

O alívio

Passei uma noite infernal. Mil coisas passavam pela minha cabeça, estava em pânico. Liguei para alguns conhecidos que fizeram a cirurgia para trocar figurinhas, e nem sei se foi bom ou ruim. A ferida que se formou de onde saiu o dreno, ficara dura com aspecto de inflamação e amarelada. Dentro, na direção dela, sentia muitas dores e não achava posição na cama nem sentada. Mesmo assim pra pensar em outras coisas resolvi sair. Não deu certo a dor aumentou. A febre estava lá o tempo todo.
De noite não aguentei e liguei de novo para meu médico, ele não retornou. Passado duas horas insisti. Ele me ligou e disse que não estava mais aguentando. Sendo assim ele prescreveu um antinflamatório e um antibiótico. Fiquei realizada e bem mais tranquila, afinal de contas se algo desse errado "por dentro" estaria sendo tratado.
Os amigos foram fantásticos, estiveram por perto e seguraram a onda (como sempre).
A minha disposição mudou parecia que eu era outra pessoa.
Dormi uma noite fantástica.
No dia seguinte acordei e dirigi, trabalhei, saí pra compras. O aspecto da ferida melhorou muito.
A febre sumiu.
Atendi alguns pacientes feliz da vida.
O problema veio de noite. Tive uma fome danada.
Analisando bem cheguei a conclusão que se tratava na verdade de vontade de comer .
Olhar aquilo tudo na televisão e não poder ingerir era sacanagem. Saí e fui andar pela rua pra espairecer. Mandei um e-mail pra nutricionista questionando quando minha vida iria mudar.

Eu odeio o dreno

O dreno é uma coisa muito chata que armazena as substâncias que saem de um dos orifícios da cirurgia, uma água rosada (com sangue). Foram 6 furinhos ao todo para a realização da videolaparoscopia e o dreno saía de um deles. Achei uma calça bem confortável e coloquei ele preso. Achei que estava super adaptada.
Minha mãe e minha tia (na real prima dela) vieram aqui e fizeram as receitas que a nutricionista mandou. Sopa só a água que sobra dela (coa-se e deixa os ingredientes sei lá pra que), gelatina diet, suco natural, água de coco e gatorade á la vontê. No começo beleza, eu não sentia fome mesmo. Às vezes esquecia e dava um golada grande, sentia uma mega dor. descia rasgando.
O problema é que você tem que tomar líquidos de meia em meia hora. Aí já viu, né?
Até Segunda feira dia 02/06 não tinha sentido nada de fome. Na segunda não consegui avaliar se o que sentia era fome ou vontade de comer, mas passei a pensar no biquini de lacinho e as coisas ficaram mais fáceis.
Confesso que fiquei meio depressiva tinha uns pensamentos estranhos, muito medo medo de morrer, me apeguei ainda mais a Deus e rezei muito.
Na terça feira dia 03 chegou o tão esperado dia. Indo para a consulta notei que meu dreno estava vazando pelo local errado. O médico disse que eu poderia ter dado um "tranco" e por isso machuquei. Saí de lá com uma sensação de alívio e ao mesmo tempo dor.
Ele liberou a ingestão de leite desnatado, iogurte também desnatado e leites à base de soja.
De noite já em casa as dores pioraram muito e meu sintoma depressivo aumentou demais. A sensação que tinha é que iria ter um troço. Liguei para meu médico e ele me deu uma bronca dizendo ser emocional. Coloquei o termômetro e tinha febre. Pirei.

O susto

Resolvi que estava iniciando uma nova vida e necessitava tomar um banho. Não deveria ter tido essa idéia. A água do chuveiro acho que estava quente demais e minha pressão despencou, comecei a passar muito mal. A enfermeira correu e me jogou na cama do jeito que vim ao mundo, minha mãe ficou pálida de medo, mas logo melhorei e resolvi ficar bem quietinha na cama.
Na parte da tarde uma das enfermeiras me intimou a andar pelos corredores do hospital por que disse, que os gases da videolaparoscopia são violentos. Alguém já tentou andar com um dreno pendurado e um pedestal de soro arrastando-se ao seu lado? Tomara que ninguém precise passar por isso, é bem punk! Desisti em minutos e voltei ao aconchego de minha cama.
Na parte da noite liberei minha mãe para que pudesse ter vida e o Ri foi ficar comigo. Como toda santa mãe, a minha, avisou a nutrição que eu não estava comendo e mandaram uma picanha (na realidade era gelatina).
Me acabei de comer aquele manjar dos deuses, foi demais.
Dormi extremamente ansiosa pelo dia seguinte pois imaginava que ao amanhecer teria alta.
E foi o que aconteceu. Meu médico passou cedinho como sempre e me liberou. O problema é que deveria permanecer com o dreno até terça feira. Isso tudo ocorreu no sábado dia 31.
Cheguei em casa louca de saudades de tudo e de todos. O que fiz? Cama e mais cama.

After Day

Acordei (o pouco que dormi, por que entram várias pessoas no quarto durante a noite) com várias dores e muita vontade de ir ao banheiro fazer xixi, aí meus problemas começaram. A anestesista havia me avisado que a morfina da anestesia teria alguns efeitos colaterais, um deles seria a coceira e outro a dificuldade de fazer xixi. Doeu bastante pra ir ao banheiro e não fazer nada. A coceira começou. Meu Deus quem jogou pó de mico na minha cama?
E continuava chegando chazinho que eu não conseguia sequer olhar.
Meu médico me visitou e disse que eu estava bem. Recebi visitas e passei o dia "descansando". Decorei a programação da TV. Não via a hora de ir embora.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

A hora H

Olá amigos, fiquei um tempinho sem escrever por que estava internada. Vou resumir em tópicos para aqueles que pensam em um dia fazer, poderem ter a noção de tempo.
28/05/08 às 12 horas
Dei entrada no hospital para minha internação. Depois da parte burocrática veio minha surpresa, deveria me despedir de um dos acompanhantes ali mesmo, por que apenas um poderia subir.
Como havíamos combinado minha mãe subiria comigo e o Ri me aguardaria lá fora. Quando fui abraçá-lo desmontei. Minha vida toda passou pela cabeça e a angústia tomou conta de mim. Chorando de soluçar fui em direção ao elevador sem olhar para trás. Na porta do elevador ouvi alguém me chamando e era o Ri me dando tchau e chorando também: foi horrível.
Uma senhora que também iria para alguma cirurgia me chamou a atenção mandando parar de chorar e confiar em Deus. Respirei fundo. O sentimento dentro de mim era desesperador. Só pensava em desistir. Cheguei na sala de espera do centro cirúrgico e estava lotada.
Aguardei alguns minutos que pareceram uma eternidade e fui levada para uma sala onde seria feita a prepação da cirurgia. Uma simpática enfermeira me deu uma roupa para vestir e me levou até uma balança. Me pesou, mediu pressão e frequência cardíaca.
DECIDI QUE IA DESISTIR. Voltei e perguntei para minha mãe sua opinião, ela se recusou a dar por que não queria me influenciar. Morrendo de medo chorando como louca me apeguei a rezar e decidi esperar. O meu médico apareceu fez algumas piadinhas para me descontrair e cheguei a conclusão que se não fizesse, sempre teria na minha a cabeça a dúvida de como seria se tivesse feito. Como se o tempo não passasse, apareceu uma médica e se apresentou, contou como seria a anestesia. Uma geral, que iria me entubar e uma peridural onde injetaria morfina. Explicou os possíveis efeitos colaterais e me desejou boa sorte. Voltei atrás e me acalmei. Rapidamente uma enfermeira chegou e veio me buscar. Não conseguiria descrever a despedida com minha mãe, foi algo acima do bem e do mal.
Na sala, o médico brincou comigo para me acalmar. Olhei ao meu redor e nunca vi tanta gente junta. APAGUEI.
Acordei numa sala de recuperação com meu médico perguntando se estava tudo bem e a anestesista rindo ao meu lado.
Lembro de muitos outros pacientes aguardando assim como eu.
Passado alguns minutos fui levada para meu quarto e lá estavam minha mãe e meu marido com um rosto bem aliviados.
Me sentia bem, apenas um pouco tonta. Dei a liberação para que meu marido contasse a todos os conhecidos o meu feito.
Meu irmão e a Luana foram me visitar. Foi bem legal.
Nesse momento chegou minha primeira refeição: uma jarrinha de chá de erva doce. Não consegui sequer olhar para a "comida".