quarta-feira, 28 de maio de 2008

Fui na psicóloga e foi bem legal. Ela me acalmou bastante. Falou dos riscos reduzidos no meu caso, deu dicas pra depois da cirurgia e me deixou mais tranqüila. Hoje 27/05 fui na nutricionista e passei com meu médico.
Vamos por partes; a consulta com ele foi bem legal, em nenhum momento ele disse que não tinha risco, mas amenizou bastante a situação dizendo que no meu caso as coisas seriam um pouco diferentes pelo fato de meu peso ser reduzido. Conversamos muito e esclareci dúvidas quanto ao tempo da cirurgia (3 horas) horário da internação (meio dia) e horário da cirurgia (15 horas). Falamos sobre a colocação ou não do anel, ele pediu pra que eu pensasse bem, o anel a longo prazo reduziria o risco de engordar novamente.
Passei depois com a nutricionista e pasmem na primeira semana só líquidos, mas fiquei bem feliz com a notícia de que caldinho de sopa coado é permitido.
Pra encerrar: tô muito ansiosa, em pânico tentando não pensar que nesse mesmo horário de amanhã posso não mais estar aqui nessa atmosfera.
Rezem por mim e assim que acabar entro pra contar novidades, se eu viver é lógico!
Já ia me esquecendo, obrigada pelas n ligações de boa sorte. Amei em especial uma que veio de Portugal.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Hoje é segunda feira dia 26/05, tô muito pilhada, pra falar a verdade em pânico. Liguei até pra cartomante pra saber se deveria ir mesmo. Li a bíblia umas 3 vezes. Fiz as unhas, já deixei os pacientes organizados. Tentando deixar tudo em ordem. Hoje é dia da psicóloga, não vejo a hora. Ontem teve mais um churrasco, dessa vez do pessoal aqui da rua (via 8) foi bem jóia. Eu tava super relaxada. A picanha muito macia e deliciosa como sempre.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Chegou o dia da palestra.
Dia 12/05 segunda feira. Fui na sede do convênio e tinham muitos gordos reunidos. Todos tivemos que preencher fichas e protocolos. A palestra começou com uma médica endócrino, bem legal e motivadora. A seguir veio um cirurgião falar. Todos que lá estavam iriam fazer a cirurgia pelo plano com diferentes cirurgiões. Foi aí que meus problemas começaram.
Esse médico foi muito enfático quanto ao risco de óbito que a cirurgia tem. Falou de todos os problemas que podem ocorrer hérnia, fístula, enfarte, embolia, pneumonia, e óbito. Meteu o pau na vídeo laparoscopia, apresentou dados que os riscos são maiores nessa técnica. Fiz diversas perguntas e percebi que só eu estava com essas questões. Saí de lá bem chateada. Aonde foi que eu me perdi? Tinha tantas certezas. Já havia participado de palestra semelhante, li muito na internet, conversei com meu médico.
Mesmo passando por essas dúvidas, pensava nos benefícios e como seria minha vida após a cirurgia, me dava uma alegria súbita.

Os dias que se passaram foram terríveis, aos poucos resolvi contar para as pessoas e como já era previsto não recebi o apoio de ninguém. Nenhuma pessoa sequer disse: vai lá e faça.
Quando dizia ficar triste de ninguém me apoiar, elas diziam que era para o meu bem e que o problema não era a cirurgia em si, mas o pós cirúrgico onde eu não poderia comer nada e ia morrer de fome.
Sentia um misto de alegria de saber que ia poder ter uma vida tranqüila de gente normal, sem dificuldades pra abaixar, correr, fazer ginástica e outras coisas, mas uma dúvida cruel quanto ao medo REAL DA MORTE.

Na semana anterior começaram a aparecer dúvidas que nunca pensei em tê-las. Como seria sentar, andar, dirigir, atender meus pacientes. Fui forte e aos poucos tentando me acalmar. Foi quando resolvi dividir minha angústia com minha mãe. Como sempre a sensibilidade dela é fantástica. Foi uma fofa e disse que eu não tava legal. Eu não queria mais ninguém preocupado além de mim, mas desabafei e disse que tinha muito medo de morrer, afinal de contas ainda quero fazer muita coisa nessa vida. Não pulei de pára quedas, não dei netos pra minha mãe e não levei o Ri pra Disney...
Ela disse uma coisa que me jogou muito pra cima, disse que morrer eu poderia fazer atravessando a rua de uma hora pra outra. Fiquei bem mais tranqüila (é incrível como as mães têm um poder de acalmar seus filhos sem ao menos estarem olhando pra eles).
Nesse dia era um feriado, o último do ano, meus amigos queridos e do coração (a turma da chácara) resolveram aparecer. Um deles que tenho como irmão me ligou propondo um churrasco. Contei sobre a cirurgia e ele por incrível que pareça foi 10. Não julgou, não questionou. Percebi que ficou meio em choque, mas propôs então um churrasco de arromba, de despedida da comida (ou da minha pessoa também). Vieram todos aqui pra casa e achei maravilhoso, relaxei muito, dei muita risada. Meu afilhado recém nascido também tava aqui com a mãe dele (ele me deu um super presente, veio dormir aqui). Me senti meio nostálgica, parecia despedida, aí fiquei mal de novo. No dia seguinte foi emenda do feriado e o Ri foi trabalhar (pra variar), fiquei sozinha com a Sheila e o Dudu, fomos pra casa deles e resolver uma coisas que me deixam muito triste, mas que infelizmente não dependem de ninguém. Quando voltei da casa dela fomos para um aniversário. O lugar bem legal, dessa vez os amigos bem queridos acabaram comigo e queriam me convencer a desistir de qualquer jeito. Foi punk, não agüentava mais. Lembra quando falei dos educadores alimentares que sabem tudo e conhecem você como ninguém? Pois é, eles estavam lá. Só que não tenho mais forças pra argumentar. Cansei. Só eu sei o que tenho passado. É bem fácil julgar quem não vive 24 horas comigo.
A briga pela videolaparoscopia.
Muitos dos médicos que consultei, e eram do plano de saúde sempre criticaram essa técnica alegando que poderia haver um risco maior de complicações, já que o médico não tinha o contato manual direto sobre os órgãos do paciente. Porém como profissional da área da saúde sempre ouvi o contrário.
Mesmo assim decidi que a cicatriz formada pela cirurgia poderia me causar um problema de trauma, e de trauma já bastaria à obesidade. Outro problema seria a recuperação. A cirurgia aberta tem uma recuperação bem mais lenta.
Fiz uma carta solicitando a realização da cirurgia por vídeo. Já que o rol da ANS de 02/04/2008 era bem genérico ao determinar a realização de procedimentos cirúrgicos através de videolaparoscopia me ative a isso, além dos benefícios que esta técnica traria. Como já era previsto me enrolaram por uma semana e não tinham previsão para a resposta. Passado 12 dias resolvi ir pessoalmente ao convênio e disse que só sairia de lá com uma resposta, para que pudesse tomar as providências jurídicas se fosse o caso.
O plano me deu um prazo de 4 dias para dar uma resposta. Como já imaginava, a resposta não veio. Depois de um dia liguei na sede e fui informada que havia sido aprovado o meu pedido.
MEU DEUS EU CONSEGUI!!! E agora???
Bateu o pânico.
Marquei para dia 28/05 quarta feira.

O choque familiar.
Minha mãe quase teve um piripaque. Ficou literalmente desesperada. Pediu para que eu repensasse. Contei pra uma prima dela que deu a maior força me chamou de guerreira, disse que eu merecia, afinal de contas, movi mundos e fundos e batalhei. Fiquei bem segura. Meu marido não parava de falar que eu ia ficar magrela, que poderia usar jeans justinho. Fiquei muito empolgada!!!
Meu marido mesmo com as brincadeiras que fazia sempre deixou claro que a saúde estava em primeiro lugar e que sua preocupação maior era com a pressão alta. Ele sempre teve medo de me dar um derrame ou enfarte por causa do nível de estresse associado a hipertensão.
Aos poucos chamei minhas duas amigas que são minhas irmãs e tomei coragem pra contar. Quase apanhei! Me chamaram de louca varrida e disseram que não me apoiariam. Tive que ouvir que esse era o caminho mais fácil e não tinha realmente tentado. Fiquei passada! Caminho fácil???? Correr risco de morrer ou ter alguma complicação é o caminho mais fácil?

sábado, 24 de maio de 2008

Mesmo assim decidi ir atrás e levei minha mãe numa das consultas que marquei. Gostaria de fazer a cirurgia com o médico que fez a dela, mas meu convênio não cobre.
Na primeira consulta ela ficou bem assustada, o médico disse que só poderia fazer a aberta (com cicatriz) e mostrou fotos de pacientes antes e depois. Deixou claro o risco de óbito de 1% e também mostrou alguns casos de insucesso. Disse que seria necessário passar por uma perícia e uma junta médica para que o convênio aprovasse. Eu topei.
Me convidou para uma palestra educativa sobre o assunto. Fui a palestra com diversos profissionais que atuariam em conjunto no processo. Enfermeira, fisioterapeuta, nutricionista, psicóloga e médico. Foi extremamente esclarecedor. Amei e saí de lá decidida. Só com um porém, não queria fazer a aberta e sim através de videolaparoscopia. Técnica que não realiza cortes e só alguns furinhos discretos. O problema é que meu convênio não cobre esse tipo de técnica. Conversei então com um amigo que me disse que a ANS (agência nacional de saúde) lançaria um novo rol de procedimentos e os planos de saúde deveriam cobrir esse tipo de técnica. Comecei a investigar na internet. Conversei com uma amiga de meu irmão que fez e já tinha feito mil plásticas e até colocado silicone. Fui numa festa e vi que o namorado de minha amiga que havia feito a cirurgia comia de tudo, assim como minha mãe. Conversei com uma colega que fez também sem o peso necessário, como no meu caso e estava muito feliz.
Fui ao meu cardiologista e ele foi totalmente a favor. Deu inclusive um laudo atestando que pra minha hipertensão seria ótimo. Fui ao meu neurologista e ele literalmente acabou comigo. Disse que era radicalmente contra e não daria nenhum apoio, ao contrário reprovaria se fosse consultado.
Queria então ouvir uma segunda opinião. A secretária do médico de minha mãe deu o telefone de um cirurgião que operava na equipe dele e atendia meu plano de saúde. O segundo médico era bem diferente do primeiro. Muito calmo, um consultório tranqüilo e bem localizado. Ele conversou comigo e perguntou algumas coisas, contei que já havia passado por outros dois locais e que queria fazer mesmo sem ter o peso mínimo e ainda por vídeolaparoscopia. Esse médico não tinha o mesmo número de cirurgias que o anterior possuía. O número era significativamente menor, porém me passou uma segurança bem maior. Decidi que seria com ele. Ele me pediu muitos exames, dos mais variados tipos. Senti que ali não era uma “indústria do gordo”; alguns consultórios hoje têm até protocolo pro paciente seguir ao marcarem a primeira consulta.
Enquanto fazia os exames passei a me sentir mais confiante, resolvi fazer uma pós graduação que já fazia algum tempo que tinha vontade. Estou cursando gestão empresarial em Fono, amando o curso.
Terminei os exames e retornei. Até então não contei pra ninguém apenas pra minha mãe, meu irmão e meu marido. O único que botava fé que daria certo realmente, foi meu marido. Ele me deu a maior força desde o início. Ele também está acima do peso, mas é rato de academia. Não falta nunca. Já emagreceu 9 Kg só suando a camisa. Comecei a correr atrás paralelamente da questão da vídeolaparoscopia, liguei para um amigo advogado e perguntei informações de como seria possível conseguir essa autorização, liguei pra ANS, falei com minha corretora de plano de saúde e assim juntei o máximo de informações possíveis.
Meu cirurgião me encaminhou então para um médico endocrinologista perito do convênio. Ele me examinou, fez algumas perguntas, pediu meus exames e deu uma guia para que a junta médica do convênio analisasse.
Passado 11 intermináveis dias. Recebi uma ligação do convênio dizendo que tinha sido aprovado o meu pedido e poderia fazer a cirurgia com cobertura do plano de saúde mesmo sem ter o IMC mínimo. Marcaram uma palestra obrigatória que me daria algumas outras informações extras. Fiquei radiante. Comemorei como nunca. Comemorei com comida, óbvio. Saí pra jantar!!!!
O médico solicitou que passasse em consulta com uma nutricionista e com uma psicóloga, acompanhamento essencial para quem vai se submeter à cirurgia.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Antes de falar do meu processo vou contar a visão do que tive da cirurgia da minha mãe. Ela é, e sempre foi uma mulher linda. Um sorriso impecável (que modéstia parte eu herdei). Então nunca tive uma visão de minha mãe gorda ou feia. Só hoje é que percebo como era tudo diferente. Na época ela tinha 56 anos e a cirurgia tinha um tabu enorme por causa dos riscos ainda pouco conhecidos. Fiquei em pânico e fiz de tudo pra impedir. Coitada! Vivia enchendo e colocando minhoca na cabeça dela. Ela como sempre, foi guerreira e persistiu mesmo contra a vontade de todos foi firme e forte. O dia chegou e foi terrível. Chorei muito, tinha medo que ela não voltasse. Lembro perfeitamente bem da cena do quarto aguardando o final da cirurgia, eu e meu pai esperando o médico trazer notícias. Meu pai já comia os dedos, por que as unhas tinham acabado, eu tinha gasto os números do controle remoto da tv.
O Dr Marcelo ligou e pediu que subíssemos no centro cirúrgico. Chegando lá, ele disse que tinha corrido tudo muito bem, mas que ela teria dores no retorno ao quarto, quando acabasse o efeito da anestesia. Assim ocorreu. Apesar dela jurar, que não se lembra disso, me lembro perfeitamente bem dela gemendo de dor. Mesmo assim foi um alívio. Sabíamos que tudo tinha corrido bem.
Ela tinha que andar bastante nos corredores, meu pai sempre acompanhava e bem gordo, não demonstrava a menor vontade de fazer a cirurgia também. O argumento dele é que amava comer então sofreria muito se fizesse a cirurgia. O que tem total lógica.
Nos dias que se seguiram lembro de muita água de coco, gatorade e copinhos de café com água. Sopinha e suquinho só depois de um bom tempo. Ela tinha muito medo de ter o tal do Dupping terror dos operados, trata-se de um tipo de mal estar ao comer doces. As pessoas relatam ser uma sensação semelhante ao coma diabético. Certo dia, ela estava louca pra comer doce, eu falei coma e vamos saber o que acontece, se você passar mal estaremos aqui e corremos pro hospital com você. Ela comeu e nada aconteceu. Resumindo: ela come doces como qualquer outra pessoa.
Se passaram 4 anos e 40Kg eliminados. Ela está maravilhosa usando manequim 42. E pasmem: come de absolutamente tudo. Tudo mesmo. Percebo que algumas coisas tem uma aceitação menor, por exemplo frutos do mar.
Atenção: ela come como uma pessoa normal e não como um gordo ou ex gordo que devora tudo o que vê pela frente. Percebo que o sentido mudou, ela gosta de programas de gente normal e não só comer, comer, comer e comer.
Não fez nenhuma cirurgia reparadora, e como disse anteriormente, ela é linda e ficou mais ainda.

Quando tomei minha decisão ela de cara foi radicalmente contra. Disse que eu não conseguiria, pois tenho prazer em comer. E principalmente EU NÃO TINHA PESO SUIFICIENTE. Meu IMC (índice de massa corpórea) não atinge o padrão solicitado para isso. Porém eu possuía as co-morbidades. São elas, pressão alta, dores nas articulações, etc.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Pois é, as baladinhas acontecendo e você (no caso eu) comendo que nem um mamute. As roupas passaram a ficar mais justas e a cada dia mais complicado subir as escadas de casa. Andar virou um martírio. Acerca de 4 anos, antes mesmo de minha mãe fazer a cirurgia de Capela, procurei um famoso instituto de obesidade e o médico praticamente riu de mim, dizendo que não tinha peso suficiente, e o que poderia me oferecer era a colocação de um balão intra gástrico inflado com soro fisiológico e azul de metileno. Outra opção seria uma banda gástrica ajustável. Ambos não eram cobertos pelo plano de saúde e custavam na faixa de R$ 10.000,00. Óbvio que voltei pra casa arrasada, já que não tinha tanto dinheiro. Confesso que fiquei bem conformada ao observar a sala de espera do consultório, eu era praticamente a Gisele Bunchen de tão magrinha perto daquelas pessoas que lá estavam.
Continuei tentando aquelas coisas que todos nós, os gordos tentam e já citei anteriormente.
Voltando a vida de casada...
Procurei então um cirurgião plástico em busca de minha lipoaspiração, mas fiquei irritadíssima com a notícia que precisava emagrecer um pouco antes da operação, e que poderia não tirar a quantidade desejada de gordura. O preço era até que acessível com parcelamento em 36 vezes.
Novamente desisti, comprei revistas da área, participei de sites motivadores, etc, etc, etc.
Até que nesse ano, 2008, tomei a grande decisão. Não dava mais. Brincar com minhas cachorras passou a ser um problema, amarrar o tênis me incomodava. O start foi quando fui à casa de amigos e pisei no ossinho do cachorro deles, um simples ossinho, que qualquer ser humano normal pisaria e nada aconteceria. Virei o pé e além de estender ligamento quebrei um osso do pé. Foi horrível, sentia dores terríveis e por um erro de diagnóstico de um renomado hospital de SP, não fiz a imobilização que deveria, aí tudo piorou. Quando uma amiga médica solicitou uma ressonância magnética revelou que eu tinha esporão, isso explicaria as dores nos calcanhares todos os dias. O problema é que dois médicos foram taxativos: ISSO ACONTECEU NESSE GRAU POR CAUSA DO MEU EXCESSO DE PESO. Passei a observar nas ruas, shoppings e mercados, que a maioria dos obesos principalmente mulheres, apresentavam algum tipo de problema nos pés e pernas. Mancavam ou estavam imobilizados.
Procurei então um cirurgião bariátrico.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Voltando ao meu peso flutuante.
Terminada a faculdade arranjei um emprego que não parava e dei uma bela emagrecida, só que passei a me realizar profissionalmente, então pra comemorar, engordei bastante, mas sempre na casa do 80.
Namorei diversos caras, um bem diferente do outro e nunca tive nenhum problema quanto ao meu peso. Não querendo ser a rainha da cocada preta, rsrs, mas sendo, sempre tive certa facilidade no quesito amor (sim já sofri pra caramba, mas nunca por causa do meu peso). Comprar roupas até então não era um problema. Existem lojas bem legais que pensam nos mais cheinhos sem fazer roupas que são verdadeiros pijamas. Tem isso também, roupa de gordo sempre tem um q de pipa, ou balão caixote.
Em 2005 resolvi que era hora de me envolver de verdade e casei. Aí é que os meus problemas começaram. Nunca em relação ao Ricardo, mas sim ao meu peso. Os preparativos são um verdadeiro drama, tão grande que mereceriam um blog só pra isso.
Discussões familiares e problemas financeiros, fazem com que na hora do almoço você coma o que está em cima da mesa e o que está embaixo também. Na hora do jantar comia até o pé da mesa.
Entrar no vestido nem me incomodava, afinal de contas era o primeiro aluguel então pensava que qualquer alteração a loja tinha obrigação de fazê-la.
Casei em 04/06/2005 numa cerimônia linda, me sentido um princesa, fofinha lógico. Pesava 87 Kg. Cravados.
Casar é um problema a parte. Todos os programas são baseados na comida. Comer pizza com os amigos. Fazer um jantarzinho para o maridinho. Fazer uma sobremesa romântica. Um fondue na beira da lareira. Comer, comer, comer...
Ou seja, uma verdadeira prova de fogo. Todo mundo engorda quando casa.... (Alguém já ouviu isso?)
Logo que a poeira baixou tive uma crise de stress e ninguém conseguiu diagnosticar causa física. Sempre tive tendência a hipertensão. Comecei a tomar medicação controladora aos 22 anos e sempre controlei. No acompanhamento cardiológico fiquei mais tranqüila por que conseguimos estabilizar com os remédios. A causa foi diagnosticada como além de genética, a OBESIDADE.
Com 10 quilos a mais na balança a vida ficou bem mais complicada.
Foi aí que comecei a sentir o real peso do meu peso. Se é que vocês me entendem.
Desde pequena não sou o que se pode chamar de tipo esguio e mignon, sempre fui roliça, mas na medida certa. Tenho uma genética que favorece o tipo “gordinho” altura de 1,65m com ossatura larga e grande, meu pai faleceu com 130 kg, minha mãe acerca de 4 anos fez a cirurgia de redução de estomago que contarei bastante depois. Porém, sempre meu peso foi muito bem distribuído o que facilitaria a visão equivocada de meu peso (se é que existe isso). As pessoas (ou eram muito educadas) sempre erraram o meu peso pra um valor bem abaixo do real.

A coisa piorou na faculdade. Na época, fazia fonoaudiologia na PUC SP e nos primeiros anos passei dúvidas homéricas sobre meu futuro profissional. Engordei que nem uma louca e cheguei ao 100 Kg. Naturalmente e com aquele monte dietas emagreci ficando na casa dos 82 Kg. Assim me mantive com altos e baixos variando sempre 5 kg a mais ou a menos de acordo com a época.
Pra seguir a diante preciso confessar: minha alimentação é horrível. Não como frutas e legumes em geral. Fui aprender a comer determinadas coisas depois de adulta. Não que meus pais não tenham se matado pra isso não acontecer, mas nem minha santa mãe conseguiu. Também passei por toda sorte de tratamentos possíveis e imagináveis, até legumes em cápsula já tomei. Até que, com a graça de Deus, pareceu um milagre, encontrei um santo médico que perguntou sobre o funcionamento de meu intestino e ao saber da normalidade, disse pra parar de forçar a barra e se conseguir comer ótimo e se não conseguir não se culpar. Vou declarar que é uma barra dizer isso, por que sempre tem alguém que escuta minha história e tem vocação pra educador alimentar, aí resolve ensinar algum tipo de “dica” ou truque pra você mudar isso. É um verdadeiro inferno, por que aí ninguém na mesa fala de outra coisa só do seu PROBLEMA e como você vai mudar quando fizer diferente. De uns anos pra cá desenvolvi uma técnica de dar um basta no tema e peço gentilmente que cada um cuide de seus problemas. Sim, eu sou uma pessoa estressada e não tenho muita paciência para determinados temas. Pra outros sou um encanto e totalmente zen, mas a minha alimentação já é assunto ultrapassado.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Consultas com nutricionistas diversos e com linhas extremas um do outro, também passaram em meu processo de decidir dar um basta definitivo.
Psicólogos sempre amaram meu caso, anos de terapia enfocando a compulsão ou se jogar de cabeça em tudo e como vocês já imaginam, nada deu certo.
Não vou mentir que sempre emagreci de maneira relativamente fácil, perdia em cada tentativa pelo menos 6 quilos. As pessoas reparavam e me elogiavam, me sentia super motivada, mas quando achava que estava superando chegava a Páscoa, o Natal, ou alguma outra desculpa pra comer que nem louca.
Restaurantes? Tenho um know how no assunto que poderia montar um curso de atendimento e gestão na área. Os pratos mais gordurosos e gigantes dos mais badalados aos mais simples, já experimentei. Meu marido brinca comigo que deveria montar o guia do frango à passarinho. Todos os lugares que vou peço esse prato e posso avalia-lo como um “somelier” dessa culinária fantástica.
Mesmo assim esse ainda não é meu prato preferido, sou admiradora do churrasco. Qualquer tipo em qualquer local.
Me conhecendo um pouco mais, acho que posso iniciar contando como começa minha história.
Todo mundo sabe que ser gordo não é a coisa mais agradável desse mundo, aliás é uma das piores coisas do mundo. Quantas e quantas dietas nós já tentamos sem sucesso? Eu poderia ser especialista em dietas e publicar um livro com os prós e os contras envolvidos em cada uma delas.
Algumas de Minhas tentativas:
Herbalife, realmente é bem legal emagreci pacas, mas quem é que agüenta tomar shake e sopinha por mais de 1 mês?
Diet shake também você realmente emagrece, mas e a picanha mal passado onde entra?
Proteínas, essa é fantástica, porém é tanta gordura garganta abaixo que no final de 2 semanas o fígado conversa com você pedindo socorro.
Remédios, hoje entendo por que têm o nome “bolas”, eu juro e quem não conseguir acreditar azar, eu vi gnomos aos montes.
Mau hálito até não poder mais, por isso talvez as pessoas fiquem magras, nem os garçons conseguem chegar perto delas.
Tomei todos: de fenproporex à anfetaminas sem nenhuma exceção. Cheguei num ponto que já estava praticamente imune.
Xenical, esse daria um livro só sobre as aventures quando tomei Xenical. Foi literalmente um rebosteio. Calças e calcinhas precisei comprar umas três durante o tratamento. A cadeira do trabalho tive que falar pra diretoria que aquele modelo dava um problema de coluna gravíssimo, senão ninguém mais agüentaria chegar perto da minha sala, olha que a faxineira lavou a mesma por 4 vezes e deixou no sol.
A bacia (vulgo privada) de casa passou a ser um reservatório de óleo. O detergente já habitava a pia do banheiro e não mais a da cozinha, as vezes nem ele dava conta de dissolver os resíduos oleosos.
Passando os detalhes escatológicos, teve a fase das simpatias, depois das mandingas. Sim, são todas mandingas: um copo de água em jejum, vinagre de maçã, azeite extra virgem de oliva batido com num sei o que, berinjela diluída com alguma coisa duas vezes ao dia.
Tive a fase violenta da academia. Aquela que você chega em casa podre não se agüentando nem em pé, daí compra roupinhas, tênis e acessórios diversos. Faz aqueles planos intermináveis das academias e nunca acaba cumprindo como é proposto (Será que alguém que nunca malhou realmente acha que vai ser legal o plano anual?). Na primeira semana parece que tomou uma surra, mas ao pensar no biquíni de lacinho e na barriga tanquinho supera todas as dificuldades e se mata de novo. No primeiro mês vai que é uma beleza. Mas quando cruzamos com o primeiro pacote de bolacha Bono ou Bis tudo vai por água abaixo.