segunda-feira, 26 de maio de 2008

Chegou o dia da palestra.
Dia 12/05 segunda feira. Fui na sede do convênio e tinham muitos gordos reunidos. Todos tivemos que preencher fichas e protocolos. A palestra começou com uma médica endócrino, bem legal e motivadora. A seguir veio um cirurgião falar. Todos que lá estavam iriam fazer a cirurgia pelo plano com diferentes cirurgiões. Foi aí que meus problemas começaram.
Esse médico foi muito enfático quanto ao risco de óbito que a cirurgia tem. Falou de todos os problemas que podem ocorrer hérnia, fístula, enfarte, embolia, pneumonia, e óbito. Meteu o pau na vídeo laparoscopia, apresentou dados que os riscos são maiores nessa técnica. Fiz diversas perguntas e percebi que só eu estava com essas questões. Saí de lá bem chateada. Aonde foi que eu me perdi? Tinha tantas certezas. Já havia participado de palestra semelhante, li muito na internet, conversei com meu médico.
Mesmo passando por essas dúvidas, pensava nos benefícios e como seria minha vida após a cirurgia, me dava uma alegria súbita.

Os dias que se passaram foram terríveis, aos poucos resolvi contar para as pessoas e como já era previsto não recebi o apoio de ninguém. Nenhuma pessoa sequer disse: vai lá e faça.
Quando dizia ficar triste de ninguém me apoiar, elas diziam que era para o meu bem e que o problema não era a cirurgia em si, mas o pós cirúrgico onde eu não poderia comer nada e ia morrer de fome.
Sentia um misto de alegria de saber que ia poder ter uma vida tranqüila de gente normal, sem dificuldades pra abaixar, correr, fazer ginástica e outras coisas, mas uma dúvida cruel quanto ao medo REAL DA MORTE.

Na semana anterior começaram a aparecer dúvidas que nunca pensei em tê-las. Como seria sentar, andar, dirigir, atender meus pacientes. Fui forte e aos poucos tentando me acalmar. Foi quando resolvi dividir minha angústia com minha mãe. Como sempre a sensibilidade dela é fantástica. Foi uma fofa e disse que eu não tava legal. Eu não queria mais ninguém preocupado além de mim, mas desabafei e disse que tinha muito medo de morrer, afinal de contas ainda quero fazer muita coisa nessa vida. Não pulei de pára quedas, não dei netos pra minha mãe e não levei o Ri pra Disney...
Ela disse uma coisa que me jogou muito pra cima, disse que morrer eu poderia fazer atravessando a rua de uma hora pra outra. Fiquei bem mais tranqüila (é incrível como as mães têm um poder de acalmar seus filhos sem ao menos estarem olhando pra eles).
Nesse dia era um feriado, o último do ano, meus amigos queridos e do coração (a turma da chácara) resolveram aparecer. Um deles que tenho como irmão me ligou propondo um churrasco. Contei sobre a cirurgia e ele por incrível que pareça foi 10. Não julgou, não questionou. Percebi que ficou meio em choque, mas propôs então um churrasco de arromba, de despedida da comida (ou da minha pessoa também). Vieram todos aqui pra casa e achei maravilhoso, relaxei muito, dei muita risada. Meu afilhado recém nascido também tava aqui com a mãe dele (ele me deu um super presente, veio dormir aqui). Me senti meio nostálgica, parecia despedida, aí fiquei mal de novo. No dia seguinte foi emenda do feriado e o Ri foi trabalhar (pra variar), fiquei sozinha com a Sheila e o Dudu, fomos pra casa deles e resolver uma coisas que me deixam muito triste, mas que infelizmente não dependem de ninguém. Quando voltei da casa dela fomos para um aniversário. O lugar bem legal, dessa vez os amigos bem queridos acabaram comigo e queriam me convencer a desistir de qualquer jeito. Foi punk, não agüentava mais. Lembra quando falei dos educadores alimentares que sabem tudo e conhecem você como ninguém? Pois é, eles estavam lá. Só que não tenho mais forças pra argumentar. Cansei. Só eu sei o que tenho passado. É bem fácil julgar quem não vive 24 horas comigo.

Nenhum comentário: